Por que os homens só procuram o médico quando sentem dor?
- IUCR
- há 2 horas
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O cuidado dos homens com a saúde é um grande desafio. Mais da metade deles só procura o médico quando sentem dor e os sintomas estão insuportáveis. Com isso, doenças que poderiam ser resolvidas de maneira simples, acabam se agravando. Esse comportamento tem suas raízes nos valores culturais. Há avanços, mas muito ainda precisa ser feito.

Se algo vai mal com a saúde, na maioria das vezes, o corpo dará sinais. Pode ser um cansaço ou emagrecimento sem motivo, alguma alteração na pele, uma rouquidão que não melhora, uma mudança no hábito intestinal, dificuldade ou mais urgência para urinar, um caroço que aparece em alguma região do corpo. Em geral, nem prestamos muita atenção, principalmente, se forem sinais leves que não atrapalham nossa rotina. É o famoso: “não é nada, vai passar”.
E, de fato, não necessariamente, esses desconfortos representam alguma doença grave. Mas quando o sintoma se estende por um período mais longo – por exemplo, ficar rouco por mais de duas semanas – o recomendado é procurar um médico. Infelizmente, esse não é o comportamento adotado pela maioria das pessoas e se nos referirmos aos homens, a ida ao médico é ainda mais difícil. Mais da metade, 62%, dos homens no Brasil só procura um médico quando os sintomas estão insuportáveis. Foi isso que mostrou uma pesquisa do Instituto Lado a Lado pela Vida, em 2021.
Pesquisas como essas vão ao encontro da percepção dos profissionais de saúde em seu dia a dia. Além de serem mais raros nos consultórios médicos, muitos homens só procuram ajuda quando ocorre um problema de saúde por insistência de mulheres, em geral, companheiras, filhas, mães, entre outras.
Por que isso acontece com os homens?
Entre os motivos que afastam os homens dos cuidados com a saúde podem estar fatores culturais e sociais. Apesar dos avanços, ainda predomina na sociedade um modelo de masculinidade que associa a saúde do homem à força ou à ausência de problemas.
São os mesmos valores que “ensinam” os meninos a não chorar ou não colocar para fora os sentimentos. Consciente ou inconscientemente, esses valores podem levar o homem a ignorar sintomas e evitar ir ao médico porque relaciona esse comportamento à fragilidade.
Outros fatores que distanciam os homens do médico é o medo de receber o diagnóstico de uma doença grave e o desconforto com a realização de determinados procedimentos, como o exame de toque retal relacionado aos cuidados com a próstata.
É urgente mudar!
Ir na contramão dos tabus e de valores que afastam o homem de seu autocuidado é uma atitude que deve ser construída todos os dias. Conhecer o próprio corpo, prestar atenção em eventuais alterações, não ignorar ou banalizar sintomas e buscar ajuda médica são comportamentos que precisam fazer parte do cotidiano masculino. Um bom começo é não aguardar que a doença apareça, mas fazer, pelo menos, uma consulta médica anual para avaliar a saúde. A doença pode demorar para dar sinais e o diagnóstico precoce salva vidas.
Mas a necessidade de mudança está longe de ser individual. Para conscientizar sobre a importância dos cuidados com a saúde masculina e desmistificar tabus é preciso o engajamento de toda a sociedade. A reflexão precisa ser ampla, incluindo muitos aspectos, como os relacionados à educação de meninos e meninas nas famílias, nas escolas e demais espaços até como o profissional de saúde e as instituições público e privadas do setor podem contribuir no acolhimento desses pacientes.
Por onde o homem pode começar?
Para você que que se identificou com a maioria dos homens e vive a dificuldade de cuidar da própria saúde, preparamos algumas dicas:
Vá ao médico antes de ficar doente. Cuidar da saúde é prevenção.
Converse sobre suas preocupações em relação a sua saúde com alguém de sua confiança.
Peça ajuda quando se sentir sobrecarregado. Você não precisa dar conta de tudo.
Conheça seu corpo e fique atento aos sinais. Informe-se sobre saúde!
Pratique atividade física regular e tenha uma alimentação equilibrada, evitando produtos industrializados.
Adote bons hábitos de higiene pessoal.
Sempre siga as recomendações de seu médico.
Evite bebidas alcoólicas
Não fume.