A principal causa do desenvolvimento do câncer de colo de útero é a infecção pelo HPV (papilomavirus humano), uma DST (Doença Sexualmente Transmissível) que está presente em cerca de 80% das pessoas ativas sexualmente. Na maioria das vezes, a pessoa não sabe que está infectada pelo vírus e acaba transmitindo o HPV já que os sintomas, normalmente, só se manifestam de dois a oito meses após o contato e pode, inclusive, ficar encubado no organismo, sem se manifestar, por até 20 anos. Por isso é praticamente impossível saber quando ou como a pessoa foi infectada pelo HPV.
O HPV concentra mais de 150 tipos de vírus e 40 deles são considerados de alto risco, sendo que o HPV 16 e 18 são os mais comumente relacionados ao aparecimento do câncer de colo de útero, que atualmente ocupa o sétimo lugar no ranking mundial e é o terceiro mais comum na população feminina brasileira. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, em 2019 serão 16.370 novos casos diagnosticados no país.
Segundo Dra. Andrea Paiva Gadelha Guimarães, oncologista clínica do IUCR, o principal sintoma de infecção pelo HPV é o aparecimento de verrugas ou lesões na pele, porém em grande parte dos casos, essas manifestações podem não estar visíveis, necessitando de exames específicos para serem identificadas. Ela reforça também que nem todas as pessoas que têm o vírus vão desenvolver câncer ou lesões no colo do útero “Na maioria das mulheres ocorre eliminação do HPV do organismo naturalmente, sem tratamentos”, afirma Dra. Andrea
Teste para identificar o HPV
Existem testes genéticos que são capazes de detectar a presença do vírus HPV no organismo, o chamado teste do DNA do HPV. Ele é indicado como complemento ao Papanicolau, para mulheres com mais de 30 anos, já que nessa idade a maioria já teve chance de eliminar o vírus que pode ter adquirido no começo da vida sexual.
Se o resultado for positivo para a presença do HPV, não significa que ela vai desenvolver câncer de colo de útero, até porque o HPV pode ser eliminado espontaneamente do organismo, mas sim que deverá realizar alguns exames complementares, como o Papanicolau ou a Colposcopia para mapear se existe alguma lesão. Já se der negativo, o exame só deverá ser repetido após cinco anos.
Papanicolau: identificar lesões no colo do útero
O Papanicolau, diferentemente do exame de HPV, não identifica o vírus em si, mas as alterações nas células do colo do útero que podem indicar lesões pré-cancerosas. É um exame preventivo que contribui para o diagnóstico precoce do câncer.
No Brasil a recomendação é que o Papanicolau seja realizado anualmente em mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a atividade sexual.
A recomendação da Society of Gynecologic Oncology de 2018 é que o Papanicolau deve ser realizado em mulheres com idade entre 21 e 64 anos, a cada três anos. E entre 30 e 64 anos pode ser realizado a cada 03 anos e/ou o co-teste (citologia associado ao teste de DNA-HPV por captura híbrida) a cada 5 anos, conduta também aceita pela Febrasgo 2017. Tais recomendações valem se não houverem sinais ou sintomas de câncer, porém não se aplicam a mulheres com história de lesões precursoras de alto grau, uso de dietilestilbestrol ou imunocomprometidos.
Fatos sobre o câncer de colo de útero e o HPV
• A estimativa é de 16 mil novos casos de câncer de colo de útero no Brasil em 2019. É o terceiro tumor mais frequente nas mulheres brasileiras
• Principal causa é a infecção pelo vírus HPV, responsável por 70% dos casos
• Principal exame para identificar lesões no colo do útero é o Papanicolau, que deve ser realizado anualmente em mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a atividade sexual. A recomendação da Society of Gynecologic Oncology de 2018 é que o Papanicolau deve ser realizado em mulheres com idade entre 21 e 64 anos, a cada três anos. E entre 30 e 64 anos a cada 03 anos e/ou co-teste (citologia associado ao teste de DNA-HPV por captura híbrida) a cada 5 anos, conduta também aceita pela Febrasgo 2017 . Tais recomendações valem se não houverem sinais ou sintomas de câncer , porém não se aplicam a mulheres com história de lesões precursoras de alto grau, uso de dietilestilbestrol ou imunocomprometidos
• A infecção pelo HPV pode levar cerca de 20 anos para se tornar câncer
• Nem todas as mulheres infectadas pelo HPV vão desenvolver câncer de colo de útero. Em grande parte das mulheres o HPV é eliminado do organismo espontaneamente
• O câncer de colo de útero pode ser evitado. As principais formas de prevenção são a vacina contra o HPV e uso de preservativo nas relações sexuais
• A vacina contra o HPV está disponível gratuitamente nos postos de saúde e é recomendada pelo Ministério da Saúde – Brasil para meninas dos 9 aos 14 anos e meninos dos 11 anos aos 14 anos, sendo duas doses em intervalos de 06 meses entre elas.
• A vacina do HPV também é recomendada para homens e mulheres portadores do vírus HIV e transplantados de órgãos sólidos, medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 26 anos. Nesse grupo são recomendadas 03 doses em intervalos de 0, 2 e 6 meses
• Se diagnosticado no início as chances de sucesso no tratamento do câncer de colo de útero são de 90%