Setembro foi escolhido pela Foundation for Women’s Cancer (FWC), uma organização sem fins lucrativos ligada à Society of Gynecologic Oncology (SGO), como o mês de conscientização dos tumores ginecológicos. O Grupo EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, que tem a Dra. Andrea Gadelha Guimarães, nossa oncologista clínica, como uma de suas coordenadoras, trouxe esse movimento para o Brasil. Nós do IUCR apoiamos essa iniciativa que tem como objetivo disseminar informação sobre os tipos de câncer ginecológicos para contribuir com a prevenção, o diagnóstico precoce e redução do índice de mortalidade pela doença.
Ao todo são 5 tipos de câncer ginecológico. Os mais incidentes são o o câncer de colo do útero, câncer de endométrio e o câncer de ovário.Os mais raros, o câncer de vulva e o câncer de vagina. Cada um deles tem características diferentes, sintomas, causas e tratamentos diferentes também. Conheça as principais características de cada um deles:
Câncer de ovário: tem crescimento lento e sintomas inespecíficos no início, por isso, a maioria dos casos é diagnosticado em estágios avançados. É mais frequente acima dos 50 anos. Os principais fatores de risco são: não ter tido filhos, história familiar da doença e síndromes hereditárias como a Síndrome Hereditária de Câncer de Mama ou de Câncer de Mama e Câncer de Ovário hereditários – com mutação dos genes BRCA 1 e BRCA 2; e Câncer colorretal hereditário não poliposo - síndrome de Lynch.
Os sintomas do câncer de ovário geralmente aparecem em fases mais avançadas e podem ser confundidos com os de outras doenças. Nem sempre esses sintomas vão indicar câncer de ovário, mas é importante buscar avaliação médica para descartar qualquer suspeita:
· Desconforto abdominal ou dor (gases, indigestão, pressão, inchaço, cãibras)
· Inchaço ou sensação de plenitude, mesmo após refeição
· Náusea, diarréia, constipação ou micção frequente
· Perda ou ganho de peso inexplicável
· Perda de apetite
· Sangramento vaginal anormal
· Fadiga incomum
· Dor nas costas
· Dor durante a relação sexual
· Alterações menstruais
Para diagnosticar o câncer de ovário, o médico solicita um ultrassom transvaginal e o exame de sangue do marcador CA-125. O ultrassom transvaginal pode diagnosticar uma massa no ovário, mas a confirmação de câncer somente será possível após a realização de uma biópsia, retirada de fragmento da lesão para análise microscópica.
Câncer de colo do útero: também chamado de câncer cervical, geralmente acomete mulheres acima dos 40 anos e também se desenvolve lentamente. Primeiro as células passam por alterações inflamatórias que podem evoluir para lesões pré-cancerígenas, denominada NIC (neoplasia intraepitelial cervical) que se não tratadas, podem desenvolver uma neoplasia invasiva ou câncer.
O principal fator de risco é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), que é transmitido principalmente pelo contato sexual sem proteção. O HPV pode ser prevenido com a vacina contra o HPV administrada em crianças e adolescentes. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que 40 deles podem infectar a região genital e provocar alguns tipos de câncer (colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe) e outros podem causar verrugas genitais. Outros fatores de risco são: tabagismo, início precoce da vida sexual, prática sexual com múltiplos parceiros, ter muitos filhos, histórico de infecções sexualmente transmissíveis, uso prolongado de contraceptivos orais.
O Papanicolau é o exame ginecológico preventivo mais comum para identificar lesões precursoras do câncer do colo do útero. Um resultado do Papanicolau alterado pode levar a realização de outros exames para identificar a presença de um câncer ou de uma lesão pré-cancerosa, entre eles a colposcopia e a biópsia.
Em seus estágios iniciais, o câncer do colo do útero geralmente não apresenta sintomas e quando surgem eles podem variar de pessoa para pessoa. São eles:
· Corrimento vaginal de cor escura, com sangue ou com mau cheiro
· Sangramento vaginal após a relação sexual
· Sangramento vaginal anormal: após a menopausa, entre períodos menstruais ou períodos excessivamente longos
· Dor durante o sexo
· Massa palpável no colo de útero
· Hemorragias
· Obstrução vias urinárias e intestinal
· Perda de apetite e peso
Câncer de endométrio: o câncer de corpo do útero, também chamado de câncer de câncer de endométrio é mais frequente em mulheres acima dos 60 anos e na fase pós-menopausa. Os principais fatores de risco são: obesidade, menarca precoce e menopausa tardia, reposição hormonal com estrogênio de forma prolongada, síndrome do ovário policístico, nunca ter tido filhos, tratamento com tamoxifeno (usado no tratamento do câncer de mama), diabetes mellitus , pressão alta, histórico familiar de síndrome de Lynch ou de câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC).
Um dos principais sintomas do câncer de endométrio é o sangramento uterino anormal ou sangramento após a menopausa. Além disso, dor na pelve, massa pélvica palpável e perda de peso inexplicável.
Para diminuir o risco de câncer no endométrio é recomendado manter o peso adequado, praticar atividade física regularmente, adotar alimentação equilibrada e discutir com o médico os riscos e benefícios do uso de estrogênios de forma isolada e prolongada para melhora dos sintomas da menopausa.
Esteja sempre atenta aos sinais do seu organismo e faça uma avaliação anual com o ginecologista. Com diagnóstico precoce, as chances de sucesso no tratamento do câncer são muito maiores.
Câncer de vulva e câncer de vagina: a vagina é a parte interna do órgão genital feminino e a vulva a parte externa que inclui a abertura da vagina, os grandes lábios, os pequenos lábios e o clitóris. Geralmente, a doença nessas regiões não apresenta sintomas nas fases iniciais e tem desenvolvimento lento, podendo levar anos até se desenvolver.
Alguns sintomas podem surgir quando o câncer de vagina já está em fase mais avançada: sangramento vaginal anormal (geralmente após o sexo), corrimento vaginal anormal, caroço na vagina que pode ser sentido, dor durante a relação sexual. Já no caso do câncer de vulva, os principais sintomas são: alteração na cor da pele da vulva, engrossamento da pele, coceira, dor ou queimação, sangramento ou corrimento não relacionado ao período menstrual, ferida que não cicatriza.
Para o diagnóstico da doença, o médico vai solicitar alguns exames, mas a confirmação somente é possível após a análise de parte da lesão, por meio da biópsia, remoção de um pequeno fragmento da lesão para análise no microscópio