Saúde do homem: o silêncio também faz adoecer
- IUCR
- 31 de out.
- 4 min de leitura
Ficar em silêncio diante de um sintoma persistente ou alguma alteração no corpo é um comportamento comum para a maioria dos homens. E isso pode levar uma situação que seria simples de resolver no início a evoluir para uma doença mais grave. A saúde do homem precisa ser encarada com seriedade. Os homens precisam aprender a se cuidar para não adoecer.

O título deste artigo remete a um consenso consolidado entre profissionais de saúde e o público em geral – quando o assunto é saúde, os homens não se cuidam como deveriam. Ficar em silêncio e negar a realidade de um desconforto ou sintoma são atitudes que podem contribuir para a evolução de doenças, muitas delas graves, que acabam por abreviar a vida.
Comparado às mulheres, os homens vão menos ao médico e, muitas vezes, ignoram sintomas. Isso leva a uma série de consequências, entre elas, a menor expectativa de vida dos homens em relação às mulheres. Só para ilustrar, dados do IBGE apontam uma expectativa de vida de 79,7 anos para mulheres e 73,1 para os homens. Nas projeções para 2070 indicam 81,7 anos para os homens e 86,1 anos para as mulheres.
Mas por que os homens têm tanta dificuldade de admitir que algo pode estar errado com sua saúde e adiam a consulta médica? Inclusive, isso também vale para as consultas que deveriam ser realizadas como rotina, por exemplo, a visita anual ao urologista a partir dos 40 ou 45 anos.
Barreiras culturais da saúde do homem
Pesquisas e especialistas indicam que esse comportamento tem muitos ingredientes relacionados à cultura e à educação do público masculino desde a infância. Por décadas e até hoje, salvo algumas exceções, eles são ensinados pela sociedade como um todo que são o “sexo forte”, não podem chorar, demonstrar vulnerabilidade. Tudo isso é visto como fraqueza, algo considerado inaceitável para um homem.
Claro que essa mentalidade tem mudado em relação ao passado, mas ainda há muito que evoluir até que os homens se livrem por completo de tabus e preconceitos que atrapalham, entre outros aspectos, sua saúde física e emocional. Eles precisam aprender que a direção correta é justamente o contrário do que lhes foi ensinado.
Cuidar da saúde é um ato de coragem, responsabilidade e respeito pelas pessoas que convivem conosco. É preciso vencer o medo de um eventual diagnóstico; deixar de ter vergonha em relação a exames como o de toque retal, importante para o diagnóstico de um câncer de próstata; não dar desculpas como a falta de tempo para se cuidar. Reconhecer limitações e cuidar da saúde é um ato de amor-próprio, maturidade e inteligência.
Algumas vulnerabilidades da saúde do homem
Coração - Apesar de serem preveníveis, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte masculina. Para prevenir essas doenças não há segredo: adote um estilo de vida saudável. Inclua na rotina uma alimentação equilibrada (frutas, verduras, cereais, carnes magras), pratique regularmente exercícios físico, mantenha o peso adequado, não fume e não consuma excesso de bebidas alcóolicas. Também é preciso controlar doenças crônicas, como hipertensão, colesterol alto e diabetes. Para isso, só tem um jeito: acompanhamento médico.
Câncer de próstata - Livre-se dos tabus que rondam a consulta do urologista e os exames necessários para diagnosticar precocemente um eventual câncer de próstata, o tipo de doença oncológica mais comum no público masculino depois do câncer de pele não melanoma. O exame de toque retal e de sangue PSA precisam ser realizados a partir dos 50 anos, anualmente, pois podem salvar sua vida e não traz qualquer prejuízo a masculinidade. Qualquer informação diferente dessa está carregada de tabus e preconceitos.
Saúde mental - Saúde mental também é assunto de homem. Depressão, ansiedade e outros distúrbios também fazem parte do universo masculino. Cuidar da saúde mental é tão importante quanto da saúde física. Ocorre que a maioria dos homens tem grande dificuldade em reconhecer e aceitar que está com algum problema psíquico. Não por acaso, as chances de um homem cometer suicídio são maiores que as das mulheres. Portanto, tristeza, desânimo, ansiedade e falta de esperança intensos e constantes podem ser indicativos de que sua saúde mental não está bem. Procure ajuda, consulte um psicólogo ou psiquiatra.
Autoconhecimento, uma ferramenta poderosa
Além disso, um hábito mais comum em mulheres e que os homens precisam adotar é o de prestar atenção em seu corpo e ficar alerta a alterações. Entre elas, mudanças na pele, dor persistente em alguma parte do corpo, alterações nos testículos ou no pênis, mudanças na urina etc.
O ideal é adotar a rotina de fazer um check-up médico anual. Há doenças que são silenciosas no início. É importante também começar na infância a criar o hábito dos meninos cuidarem da saúde, ensinar a importância e na adolescência já iniciar a consulta regular com um urologista, assim como ocorre com as jovens mulheres na ginecologista.
A importância de quebrar o silêncio
Romper esse silêncio não é sinal de fraqueza, mas de coragem e autocuidado. Os homens precisam entender que buscar ajuda médica não é um ato de fraqueza, mas de responsabilidade.
Criar espaços abertos de diálogo sobre saúde masculina – em casa, no trabalho ou em campanhas públicas – também é importante para desconstruir tabus e preconceitos. Cuidar da saúde não tem gênero – é um direito e uma necessidade universal que deve ser exercida sem medo ou vergonha.



