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Mulheres que amamentam estão mais protegidas contra o câncer de ovário

Atualizado: 16 de set. de 2020

Estudo com 23,8 mil mulheres mostra que amamentar por um ano, ao menos um filho, reduz em mais de 30% o risco de desenvolver câncer de ovário, o segundo tumor ginecológico mais comum no Brasil

Assim como ocorre com o câncer de mama, os hormônios femininos têm forte relação com o desenvolvimento de câncer de ovário. Um dos hábitos que impactam na produção hormonal - a amamentação - é algo bem estabelecido como prevenção de tumores mamários. Porém, em relação ao câncer de ovário, com a literatura médica disponível, a relação entre amamentar e redução de risco de desenvolver a doença não estava bem estabelecida.


Esse cenário ganhou novos contornos com estudo multicêntrico publicado na revista científica JAMA Oncology, no qual os autores, de instituições da Alemanha, Austrália, Dinamarca e Estados Unidos, mostram que as mulheres que amamentam têm um risco significativamente reduzido de desenvolver câncer de ovário invasivo.


Realizado pelo Ovarian Cancer Association Consortium, um fórum de pesquisadores, com ampla produção científica sobre câncer de ovário, consistiu na revisão de treze estudos. Ao todo, o trabalho reuniu os dados de mais de 23.816 mulheres, sendo 9.973 com câncer de ovário e 13.843 casos controle. Foram obtidas, por meio de aplicação de questionário, informações sobre o histórico de amamentação, incluindo a duração por criança amamentada, a idade da primeira e última amamentação e os anos desde a última amamentação.


O benefício foi mais evidente conforme era maior o tempo dedicado à amamentação. A redução de risco de câncer de ovário observada foi de 18% se a amamentação ocorreu por até três meses e de 34% se realizada por 12 meses ou mais, inclusive entre mulheres primíparas (na primeira gestação). “Esse trabalho importante , se destaca por mostra que a amamentação está associada a uma redução significativa do risco global de câncer de ovário e, principalmente, dos tumores de alto grau, que são associados com maior mortalidade”, avalia a nossa oncologista clínica, Dra. Andrea Gadelha Guimarães.


A especialista explica que o mecanismo biológico que leva a amamentação a proteger a mulher contra o câncer de ovário não é claramente entendido, mas a hipótese é que a supressão da ovulação durante a amamentação inibe divisão e proliferação celular da célula epitelial, reduzindo assim o início e progressão da carcinogênese.


“Essa hipótese parece mais pertinente nos primeiros meses após o parto, quando a função imunológica e os mecanismos de vigilância tumoral e permanecem suprimidos. Outra possível explicação é que a amamentação pode estar associada a modulação de processos imunológicos, inflamatórios ou metabólicos, mecanismos que podem influenciar o risco de câncer de ovário”, detalha Dra. Andrea.


CÂNCER DE OVÁRIO – Com 6.650 novos casos previstos para 2020, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de ovário é o segundo tumor ginecológico mais comum entre as brasileiras. No mundo, de acordo com o levantamento Globocan 2018, da Organização Mundial de Saúde (OMS), são quase 295 mil novos casos e 184 mil mortes anuais. A doença representa a 7ª maior causa de morte por câncer em mulheres.


Para conscientização sobre a doença, foi criado o Dia Mundial do Câncer de Ovário, celebrado desde 2013 em 8 de março. Promover a prevenção, que ajude a aumentar as chances de um diagnóstico mais precoce, é o maior desafio desta mobilização global, pois não há um método eficaz de rastreamento. Atualmente, oito entre dez casos são diagnosticados quando a doença não está mais restrita ao ovário.


FATORES DE RISCO: um entre cinco casos de câncer de ovário são relacionados com hereditariedade. Os demais fatores de risco são reprodutivos, hormonais, menarca precoce, menopausa tardia, obesidade e tabagismo.

SINTOMAS: recomenda-se atenção e procurar um ginecologista quando há aumento do abdômen, dificuldade para se alimentar, dor na região pélvica e/ou abdominal, sangramento vaginal anormal (principalmente pós-menopausa), mudança no hábito intestinal ou urinário, fadiga extrema e perda de peso.


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