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O futuro da saúde do homem

  • Foto do escritor: IUCR
    IUCR
  • há 3 dias
  • 4 min de leitura

A medicina de precisão está revolucionando os cuidados com a saúde. De uma abordagem generalista a medicina passa a ser personalizada com base na constituição genética de cada indivíduo. E isso também vale quando nos referimos à saúde do homem e os tipos de câncer exclusivos desse público – os cânceres de próstata, testículo e pênis.


saúde do homem

 

Com a integração das informações genômicas, ambientais e de estilo de vida, todas únicas em cada paciente, podemos identificar predisposições a condições prevalentes dessas doenças antes mesmo de seus primeiros sintomas, selecionar terapias com maior probabilidade de resultado e minimizar reações adversas a medicamentos.

 

Novas técnicas de biópsia líquida, que analisam o sangue ou a urina em busca de marcadores tumorais, estão sendo desenvolvidas para a detecção precoce. Isso pode melhorar os resultados ao diagnosticar o câncer em seus estágios iniciais. As doenças oncológicas masculinas se beneficiam de todos esses avanços.

 

Câncer de próstata


Tipo de doença oncológica mais comum entre os homens, o diagnóstico e tratamento do câncer de próstata experimenta avanços que vão além da cirurgia robótica, entre eles, os teste genéticos e novos medicamentos. Estamos falando de terapias mais individualizadas capazes de atuar de maneira direcionada de acordo com as características biológicas do tumor.

 

Os testes de perfil molecular ajudam a prever o comportamento biológico do câncer de próstata, uma vez que temos tumores de desenvolvimento mais lento, que chamamos de indolentes, e os agressivos, com maior risco de metástase (de se espalhar para outros órgãos). Essa informação é fundamental para definir o plano de tratamento dos pacientes, identificando os que podem se beneficiar da vigilância ativa e os que necessitam de cirurgia ou terapias específicas.

 

Em torno de 15% dos pacientes com câncer de próstata avançado apresentam mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2.  Pacientes com mutação de BRCA2 têm um risco elevado de desenvolver tumores mais agressivos e em idades mais jovens. Sabemos que o uso de terapias-alvo desenvolvidas com base nesses biomarcadores genéticos, apresentam bons resultados, com maior controle dos efeitos colaterais do tratamento e ganho em expectativa de vida dos pacientes.

 

Outro benefício muito importante é que homens com mutações BRCA2 podem iniciar o rastreamento de câncer de próstata mais jovens, a partir dos 40 anos, e com intervalos menores. Essa medida tem como objetivo descobrir a doença no início quando as chances de sucesso no tratamento são superiores a 90%. Ao identificar um câncer genético, com possibilidade de transmissão entre gerações, são recomendadas medidas de vigilância em relação aos demais homens da família para, da mesma forma, diagnosticar um eventual câncer de próstata precocemente.

 

Câncer de testículo


Também em relação ao câncer de testículo, os testes genéticos estão cada vez mais sendo utilizados para identificar o risco aumentado para a doença. Eles são indicados, principalmente, para quem tem histórico familiar desse tipo de câncer. A exemplo do câncer de próstata, as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 estão associadas a maior risco para o desenvolvimento de câncer de testículo.

 

Outra condição genética que aumenta o risco para câncer de testículo é a Síndrome de Klinefelter na qual os homens possuem um cromossomo X extra, além de desequilíbrios hormonais relacionados.

 

A medicina também ampliou seu conhecimento sobre os fatores de risco pré-natais, como a criptorquidia (testículos não descem para o escroto durante o desenvolvimento fetal), o que permite intervenções mais precoces. Mesmo após a correção cirúrgica o risco permanece elevado para um tipo específico de câncer de testículo chamado seminoma.

 

Câncer de pênis


Estudos têm indicado avanços no tratamento de câncer de pênis. No mais importante evento de oncologia, o Congresso da ASCO – a Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica –  estudos relevantes têm sido apresentados sobre tratamento de câncer de pênis.


Em 2025, um dos destaques foram os resultados do estudo EPIC-A, que mostrou que a combinação de cemiplimabe (imunoterapia) com quimioterapia é uma opção de tratamento promissora para câncer de pênis avançado.  Em 2024, um estudo brasileiro chamado HERCULES – LACOG 0218  mostrou a eficácia da imunoterapia associada à quimioterapia na redução do volume do tumor de pênis. Dos 33 pacientes acompanhados 75% tiveram algum grau de redução do volume tumoral e 39,4%, redução significativa. Além disso, dois marcadores potenciais preditores de melhor resposta ao tratamento  foram identificados: o P16 e o TMB. 

 

 

O desafio da saúde do homem


Com relação à saúde do homem, os avanços no conhecimento genético são muito importantes. No entanto é sabido que escolhas e hábitos diários influenciam mais do que a genética. A adoção de opções saudáveis e acompanhamento médico preventivo são as bases para a manutenção da qualidade de vida. Infelizmente, os homens dão menos atenção a própria saúde do que o desejado. Esse é um paradigma que precisa ser quebrado.

 

A população masculina apresenta índices elevados de morbidade e mortalidade, resultado de uma série de fatores comportamentais e sociais. Comparado às mulheres, os homens envolvem-se mais em situações de violência, consomem mais bebidas alcoólicas e estão mais sujeitos a acidentes de trânsito.

 

Paralelamente, buscam menos os serviços de saúde. Muitos têm resistência a fazer exames de rotina, como o PSA e o toque retal, fundamentais no diagnóstico de câncer de próstata. Na maioria das vezes que procuram um médico o fazem por influência das esposas, mãe ou filhos.

 

Com esses comportamentos, é comum que cheguem ao consultório do médico com doenças em estado mais avançado. E tão importante quanto a evolução da ciência e da medicina voltada à saúde do homem é a mudança de comportamento.

 


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