Dr. Gustavo Cardoso Guimarães explica como é o tratamento do câncer
O câncer não é uma doença única é um conjunto de mais de 100 tipos de doenças. Por isso, a indicação do tratamento mais efetivo para cada caso vai depender da avaliação de alguns fatores, de forma individualizada, entre eles o tipo de câncer, o seu subtipo, a localização, as características do tumor, o estadiamento da doença e o perfil clínico do paciente.
Toda essa complexidade torna fundamental que o tratamento seja realizado por uma equipe multidisciplinar especializada em oncologia, que tenha a diversidade de conhecimento necessária para obter os melhores resultados no prognóstico da doença e proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente.
Geralmente, o tratamento inicial de um câncer é a cirurgia. Ao lado da cirurgia, os outros principais tipos de tratamento são a radioterapia, a quimioterapia e a imunoterapia.
Todos esses procedimentos podem ocorrer de forma isolada ou combinada.
Cirurgia
A evolução das técnicas cirúrgicas trouxe opções menos invasivas para o tratamento do câncer. Além da cirurgia aberta, por exemplo, estão disponíveis a cirurgia minimamente invasiva (laparoscópica), e a cirurgia robótica, que trazem benefícios importantes ao paciente como menor tempo de recuperação e de internação, menos sangramento, menos intercorrências pós cirúrgicas.
A definição da técnica cirúrgica e o momento em que a cirurgia vai acontecer é feito pelo cirurgião que está conduzindo o caso.
Radioterapia
Ao lado da quimioterapia e da cirurgia, a radioterapia é um dos procedimentos indicados para o tratamento do câncer.
A radioterapia utiliza feixes de radiação ionizante (como o raio-x) para atacar as células cancerígenas. A radiação afeta o DNA das células e uma vez destruída, a célula cancerígena praticamente não se regenera, reduzindo o aparecimento e a disseminação do tumor.
Dentre as opções de radioterapia disponíveis estão: a radioterapia convencional, 3D, a terapia de prótons (não disponível no Brasil), a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), a terapia de radiação modulada por intensidade guiada por imagem (IG-IMRT), a radioterapia estereotáxica corporal (SBRT) e a braquiterapia.
Quimioterapia
É um tipo de tratamento sistêmico, que consiste na aplicação de medicamentos potentes para destruir as células cancerígenas, dissolvendo os tumores e diminuindo as possibilidades de sua proliferação.
A quimioterapia pode ser aplicada por via intravenosa, oral, intramuscular, subcutânea, pela espinha dorsal e até topicamente sobre a pele. A escolha do tipo do tratamento é feita pela equipe médica, de acordo com as especificidades do tumor e estado clínico do paciente e o tempo de tratamento e a quantidade de sessões também podem variar de acordo com a especificidade do câncer.
Imunoterapia
A imunoterapia também é um tratamento sistêmico que utiliza medicamentos capazes de capacitar o próprio sistema imunológico a reconhecer e atacar as células cancerígenas. É uma modalidade eficaz e que pode trazer menores efeitos colaterais.
Não é indicada para todos os casos, depende do tipo de câncer e a recomendação, geralmente é para casos avançados, recidivados ou aqueles que apresentaram metástases.
Equipe especializada e multidisciplinar
Como já falamos é fundamental que o paciente seja acompanhado por uma equipe especializada no tipo de câncer que ele tem e que seja multidisciplinar, composta por oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, radioterapeutas, patologistas, radiologistas, enfermeiro, farmacêuticos, dentistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, entre outros
Muitos estudos científicos mostram que os casos em que o paciente é acompanhado por uma equipe multidisciplinar em todas as fases desde o diagnóstico, os índices de mortalidade podem apresentar redução e de qualidade de vida podem aumentar.
Com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, o paciente é avaliado globalmente em todas as suas necessidades, de forma individualizada. A equipe consegue conjuntamente definir o plano terapêutico para cada paciente, levando em consideração todos os aspectos da doença e as condições clínicas e sociais do paciente. Também é possível identificar a necessidade de reabilitação e acompanhamento da equipe multiprofissional.